sábado, 3 de setembro de 2011

Virada de guerreiros

Nelson Rodrigues já dizia que tudo na vida do Flu é difícil. Nossas vitórias são dramáticas, cardíacas, como as de nenhum outro time. E assim foi hoje.

Uma vitória, sobretudo, conquistada no peso da camisa, no calor da torcida. Já defendi aqui a transferência de todos os nossos jogos para as Laranjeiras, ou pra qualquer outro alçapão. Pois, fosse o jogo de hoje no Engenhão e certamente estaríamos agora lamentando mais uma derrota. Foi a torcida que acendeu o time, mexeu com os brios dos jogadores, e abriu caminho pra virada.

Porém, admito que no momento do segundo gol do Flu, eu já tinha começado a escrever a crônica do jogo. E o tom era bem diferente. Acho que vale a pena publicar aqui um trecho. Não apenas para não desperdiçar as idéias, mas para não nos esquecermos do que tinha sido o jogo até ali.

“No jogo passado, elogiei a movimentação ofensiva do tricolor. Tínhamos no meio Diogo, Fernando Bob, Lanzini e Marquinho, e o Fred e o Ciro no ataque. Para esse jogo, já perderíamos qualidade com a saída do Fred, suspenso (Rafael Moura é um bom finalizador, mas fora da área...), mas o que justifica a entrada do Souza no lugar do Fernando Bob?

Não que Fernando Bob seja um grande jogador (longe disso...), mas o Souza já deu inúmeras provas de que não serve para o Flu. Será que só o Abel (e o Celso Barros) não vê isso?

Pois o Souza já entrou em campo vaiado pela torcida. E com razão. Peça nula, não ajudava na marcação, nem dava a tal qualidade no passe que o Abel queria. Jogamos o primeiro tempo inteiro com um a menos, e por pouco não saímos com um prejuízo maior.

No segundo tempo, o Abel repetiu o que vem fazendo sempre que o Flu está perdendo. Acabou com o meio campo e encheu o time de atacante. Desorganizado, o time corria e lutava, sem criar nada.”

Meus amigos, é isso. É hora de exaltar a vitória, comemorá-la e acrescentá-la entre os feitos do time de guerreiros. Mas que o Abel não abuse da sorte, e não volte a escalar o Souza entre os titulares.

ST

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Abel bestial

Vida de técnico não é fácil. Um detalhe, um pouco de sorte, pode fazer muita diferença. Exemplos não faltam. O Mano Menezes, em 2005, subiu com o Grêmio em um jogo totalmente absurdo, que rendeu até DVD (a chamada “Batalha dos Aflitos”). Tivesse dado a lógica, o Grêmio teria ficado mais um ano na segundona, e o Mano, fracassado, estaria hoje no Guarani de Venâncio Aires, ou no Esportivo de Bento Gonçalves.

Outro exemplo é o Renato Gaúcho. Campeão da Copa do Brasil em 2007, montou uma ótima equipe na Libertadores de 2008. Mas ai veio a altitude, os pênaltis, e de repente ele voltou a ser apenas um canastrão.

Por essas e outras, Otto Glória já dizia que o técnico de futebol ou é bestial, ou é uma besta. Hoje o Abel, talvez pela primeira vez nessa sua atual passagem pelo Flu, foi bestial.

No desenho da TV, o Flu entrou em campo em um 4-4-2 com 3 volantes e o Marquinho na lateral-esquerda. Mas depois de iniciado o jogo, o comentarista disse que era um 3-5-2. Mas como? Se o Marquinho jogou pelo meio (e não na ala-esquerda)? Na minha opinião, tava mais perto de um 4-4-2 com 2 volantes (Diogo e Fernando Bob), com Edinho na zaga e o Leandro Euzébio bem aberto, como um lateral esquerdo à moda antiga (que só marcava e não apoiava).

Essa formação difícil de entender, somada a boa movimentação do Ciro, Lanzini, Marquinho e Fred, confundiram a marcação da equipe paulista, e fez que o Flu dominasse o primeiro tempo. Passados 45 minutos, o tricolor já vencia por 1 a 0, e poderia estar mais, caso o juiz tivesse marcado um pênalti claro no Lanzini, e expulsado o Juan (que já tinha amarelo e deixou a mão na cara do Fred).

No segundo tempo o Flu recuou muito, e parece ter cansado um pouco. Mesmo assim, fez o segundo gol e, mesmo com o juiz inventando um pênalti pros paulistas, garantiu a vitória.

Espero que nesse fim de ano, já sem grandes pretenções e responsabilidades o Flu pelo menos nos brinde com atuações como essa.

ST

Fazendo a nossa parte

Cruzmaltinos desse planeta,

a noite de hoje foi emblemática. Mesmo com todos os problemas, com todos os desfalques - que vão do Maestro ao Monsieur Comandante, passando pelas duas laterais - com todas as dificuldades, o Gigante da Colina entrou em campo com uma coisa na cabeça: ganhar do Ceará em casa é obrigação, e time que quer ser campeão tem que cumprir com todas as obrigações pra chegar lá. Desde o primeiro minuto de jogo o time agrediu, buscou o gol e poderia ter saído com um placar mais dilatado não fosse a sorte do goleiro cearense combinada com a incompetência de nossos homens de área. O time do Vasco jogou como favorito, e mostrou a diferença entre ser times grandes, times pequenos e times gigantes. Pra cima do trem bala da colina não tem dessa de carroça desembestada.
Deus ajuda a quem cedo madruga. Façamos a nossa parte, pois nosso adversários mostraram essa noite que estão muito dispostos a fazerem a parte deles...

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Élton marcou 2 e se tornou o artilheiro do time do Brasileirão. Embora eu não desgoste de nosso camisa 9 Alecsandro e ache até que ele fez uma boa partida hoje, é flagrante que nosso camisa 39 está em melhor fase. Será que ele não merece mais uma oportunidade entre os titulares?

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O gol do Ceará nasceu de uma falha de Fernando Prass, mas uma falha que não aconteceria se o zagueiro Renato Silva não recuasse TODAS as bolas que chegam a seus pés de volta para nosso arqueiro. Até em peladas de fundo de quintal os atacantes sacam essa jogada ao observarem a falta de recurso dos defensores.

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Constava na súmula que o jogador Boiadeiro estava no banco de reservas, mas o lateral-esquerdo do Ceará tomou tantos dribles da vaca que dá pra começar um rebanho e assumir o apelido.

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Por falar em lateral-esquerdo, Márcio Careca hoje não comprometeu, e até conseguiu dar uma assistência para o gol num lance que só um perneta erraria. Ou seja, por não ter atrapalhado, deve ter sido sua melhor atuação com a camisa da faixa transversal...

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As notícias que vêm do Hospital Pasteur são animadoras. Parece que Ricardo Gomes já começou a se movimentar e reconheceu as pessoas que o visitaram hoje. Isso traz tranquilidade a todos os amigos que ele fez no futebol, não só no Vasco.
Aliás, a oração que os jogadores e a torcida Vascaína fizeram em São Januário hoje foi realmente emocionante. Poucas vezes vi uma corrente pra frente tão bonita em um espetáculo esportivo.

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O jogo de hoje marcou o começo de uma fase difícil para nós. O Vasco enfrenta agora América-MG, Coritiba, Figueirense, Grêmio e Atlético Goianiense. Não que nenhum desses adversários tenham cacife de avacalhar a vida do Vasco. O problema é que nosso grau de exigência para esses jogos é altíssimo. A expectativa é conseguir 13 pontos nesses 5 jogos. Até pela fragilidade dos adversários, o maior perigo é perdermos para nós mesmos. Temos que tomar cuidado com as retrancas, com as suspensões e contusões. Qualquer ponto perdido aqui significa ter que correr atrás nos jogos mais complicados. Porém, se mais uma vez cumprirmos nossas obrigações, o título de 2011 estará cada vez mais próximo de São Januário...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Força, Monsieur

Cruzmaltinos desse planeta,

gostaria de estar aqui para comentar o clássico contra o Flamengo, onde fomos mais uma vez descaradamente roubados. Preferia ainda vir analisar o impacto da saída do zagueiro Anderson Martins, e os males da Lei Pelé que veio para acabar com a escravidão dos jogadores com os clubes - apenas para torná-los escravos dos empresários. Ou ainda informar que estamos 2 pontos acima da previsão que fiz no início do Campeonato, previsão que nos colocava com 72 pontos ao fim do torneio... Porém, isso tudo ficou pequeno quando vi nosso comandante saindo do Engenhão de maca. Nesse momento, enquanto escrevo, vejo que seu estado continua grave, mas estável. É certo de que sua carreira de treinador está acabada, e com isso nem me preocupo. Quero saber, nesse momento, da sobrevivência, e mais, da qualidade de vida de Monsieur Gomes após sair do hospital.
Tudo isso poderia ter sido evitado se, após o primeiro acidente - no ano passado - o ex-Zagueiro tivesse procurado um médico de verdade - que teria recomendado controle da pressão arterial - ao invés do picareta Marco Aurélio Cunha. Agora, só nos resta torcer pela recuperação do treineiro, e que os jogadores conquistem o Brasileirão em homenagem ao Comandante que reapresentou o Vasco aos títulos após 8 anos.


domingo, 28 de agosto de 2011

Na torcida

Vocês talvez se perguntem o que a nota acima tem a ver com o Fluminense. Pois tem muito.

Pra quem é mais novo do que eu, ou não lembra, no final dos anos 80 o Brasil mudava constantemente sua moeda. Cruzeiro, Cruzado, Cruzado novo... em cada mudança notas novas eram impressas, sempre trazendo algum personagem importante da nossa história.

Eis que, em 1990, eu me enchi de orgulho. Um ídolo meu, jogador do Flu (na verdade, já tinha deixado o clube, mas a identificação continuava), seria o homenageado da vez. Quando me perguntavam quem era o homem da foto, eu (com 7 ou 8 anos) enchia o peito e respondia sem pestanejar: Ricardo Gomes.

Não era. Na verdade, o homenageado era o maestro CARLOS Gomes. Mas o episódio mostra um pouco da minha admiração por esse grande zagueiro que vestiu o manto sagrado tricolor.

Hoje assisti, atônito, ele sair em uma ambulância do Engenhão. Torço pela sua recuperação.