sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ótimo resultado péssimo

Cruzmaltinos desse planeta,

o jogo de ontem foi, com toda certeza, o pior do Vasco na temporada. Não éramos um time, e sim um bando. A fragilidade do adversário não nos deixou passar sufoco, mas nosso time não jogou nada. Os quase 600 torcedores que saíram de casa e foram tomar chuva em Sanjanu não mereciam tão canhestra partida. Têm todo direito de protestar, apesar de eu achar meio precipitado pedirem a cabeça de nosso treineiro. O jogo foi ruim, o resultado - embora não tenha comprometido - foi péssimo, mas lições importantes podem ser aprendidas.
A principal delas é para aquelas viúvas do futebol dos anos 60 que ficam resmungando que um time tem que jogar no ataque, e que quanto mais atacantes, melhor. Pois na noite passada estávamos em campo com 4 atacantes (Coutinho definitivamente não pode ser meia de criação. O garoto joga na ponta!) e não conseguimos estufar a rede do poderoso seu Souza da Paraíba. O time com 3 volantes e um armador - ou mesmo com 2 armadores e um centroavante mais enfiado - é infinitamente mais ofensivo do que aquilo que vimos ontem. Me senti um botafoguense ao ver meu time dando bicudas da defesa pro ataque, ignorando a zona intermediária. Até vontade de chorar eu senti! Mancini tem agora um forte argumento para manter o time com seus cabeças-de-área - ainda mais com o garoto Souza jogando do jeito que vem jogando.
O importante é a classificação. Que venha o Nacional do Amazonas ou o ASA de Arapiraca!

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Parece que o TJD quer se vingar do Vasco pela goleada aplicada no Botafogo. Nossas punições só vêm em múltiplos de 6. Seis jogos pro Rafael Coelho, 12 pro Nílton... Querer negar a má vontade dos juízes é loucura.

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Quando o azar pega, jogador de fode só de ser especulado pelo Vasco...

A Mãe Dináh torce pelo Mengo



Apesar da crença racional não permitir o crer no inexplicável, muitos mais coisas acontecem no mundo que acredita nossa vã filosofia. Um dia antes da estréia do Flamengo na Libertadores, um pouco amuado e com uma fé abalada  pelas cinzas e pelas certezas da estatística, andava por ai, pelo mundo digital um tanto quanto desconfiado da exuberância do pavão Rubro-Negro. Entretanto, porém, todavia, não é que nessas andanças virtuais acabo por cruzar linha com um primo que é muito mais Flamengo do que eu. Dos que ocupam as primeiras fileiras da Brigada Evolucionária Rubro-Negra. Seu nome, Camarota, mas pode chamar de mãe Dinah!
O camarada teve a coragem de escrever no MSN que o Leo Moura faria o tento derradeiro. Disse, melhor, escreveu que o resultado seria 1 a 0 e que o Leo faria o gol. Fiquei ainda mais descrente de qualquer sucesso, muito mais depois desse palpite estranho. Poucos minutos depois, ele se corrigiu - e na hora eu ainda pensava que um empate já seria lucro. "Será 3 a zero, Leo Moura e mais dois do Adriano". Dei uma leve ignorada na validade daquele palpite, daquela intuição, já imaginando um otimismo Rubro-Negro exacerbado - algo que me lembra algumas feridas ainda não cicatrizadas, com nomes completamente ausentes da Enciclopédia Futebolesca, tais como, Santo André, Defensor e América do México. Será que não sacamos que a soberba nos faz menos preparados? Camarota, sacando meu pessimismo, me envia a seguinte mensagem: "Se a gente não acreditar que isso pode acontecer, não tem sido ficar torcendo". Ou seja, é preciso realmente ter fé no que deseja e, claro, no que vê. "O time é forte, ele irá vencer", talvez quisesse dizer. Porém, havia ido além:  torceu para o Flamengo e para a sua previsão. Ele estava prevendo as coisas, realmente! Adivinhou e nos trouxe de volta em sua crença inabalável em algo que havíamos esquecido ser possível - gol de falta sem o Pet em campo, uma defesa que não toma gols, um Leo Moura correspondendo ao que havia prometido, Adriano sendo preciso na conclusão e no passe. Vágner Love, definitivamente, avisando que não pode bater pênaltis, nos livrando de ver isso em momentos decisivos.
Depois da vitória, novamente pela rede social, ele me disse: publica lá no Corneta que eu disse que o Leo Moura iria fazer o gol e que o Adriano faria dois. Na verdade, se não fosse pelo Love, eu teria acertado totalmente. Mas você viu o passe que o Adriano deu, pode ter valido como gol, não1? 
Claro, cada vez fica mais nítido que é possível crer! Entretanto, particularmente, só poderei me surpreender se passarmos das oitavas. Afinal, não enfrentamos apenas o mata-a-mata latino americano, mas também, possíveis dois jogos das finais do carioca. Imaginem se o Mengo pega um time mexicano ou um boliviano nas alturas? Domingo joga o primeiro jogo contra o Botafogo, na quarta viaja sei lá quantas horas, joga, volta para o Brasil, enfrenta o segundo jogo - se ganha, festa, festa, festa... se perde, regride, regride. E três dias depois, o segundo jogo da oitavas. 
Estou falando essas coisas por que doeu as eliminações passadas. Meu palpite sobrenatural vinha do Brasfoot em 2007. Em um pc bastante precário, joguei com o Mengo e acabei sendo campeão da Libertadores - vi claramente um sinal naquele título em plataforma tão adversa. Porém, com 5 minutos de jogo, Leo Moura faz um pênalti e levamos um a zero do Defensor do Uruguai... Renato Abreu se mostrou sangue ao levar nas costa o time no segundo jogo, mas não foi o suficiente. 
No caso apimentado de 2008, o chilli não desceu direito até hoje. Po, fizemos 4 a 2 no México. Poderíamos perder por dois gols de diferença, tínhamos Íbson, um bicampeonato e a torcida lotando o estádio. Ao América de Cabanãs (quem?), restava fazer três gols no maior templo do futebol, diante do clube mais exaltado no país e campeão regional. Deu no que deu, no limite do desconhecido. 
E ainda teve mais semiótica na coisa. Enquanto os Nardoni eram presos, o segundo gol mexicano acontecia em silêncio sem a voz do locutor, substituída pela narrativa jornalística/noveleira da prisão de dois pais culpados/inocentes (como todos nós). A flecha derradeira, muito mais do que lançada pelos pés dos delanteros hermanos, fora atirada pela sensação de potência de jogadores e membros da comissão técnica e diretoria. Devemos muito ao Joel, muito mesmo! Todavia, sua radical deliberação de deixar o Flamengo às vésperas de partida tão decisiva, atrapalhou a concentração e enganou o torcedor. Além, é claro, das festas de despedidas/comemoração que enviaram a campo, um time desatendo e soberbo.
Hoje, por sorte, Joel treina o Botafogo, Obina está no Atlético e o Flamengo não corre qualquer risco sério realmente. É o campeão a ser batido no carioca e no brasileiro. Na Libertadores, galopa por fora, um pouco sufocado pelo brilho corintiano. Porém, se uma das coisas sérias que faltava ao time nas campanhas anteriores era um camisa 10, um cara mais velho, experiente, que tivesse domínio internacional e que pudesse ser decisivo em partidas tensas psicologicamente, isso não falta mais. Temos o Pet. Além deste, de lambuja, sem esperar, conquistamos dos deuses, Adriano e Vágner Love. Finalmente, temos líderes, anciões e no auge, jovens promessas e um comandante que tenta trazer uma nova filosofia à própria cultura local e mundial do futebol.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ninguém segura o Fogão do Joel

Gostaria de pedir desculpas aos meus raros mas fiéis leitores pela demora em escrever após a grandiosa conquista de nossa 6 ª Taça Guanabara e 5ª final de Carioca consecutiva, mas é que estava com a cabeça quente e preferi serenizar meu desabafo a chegar aqui e bater boca com vascaínos, flamenguistas e tricolores, que ao invés de reconhecerem que faltou espírito de decisão para suas equipes e que suas "estrelas de seleção" se omitiram, ficam desmerecendo a conquista do Glorioso, afirmando que nosso título foi uma zebra. Zebra?? À exceção daquele fatídico 6 a 0 na terceira rodada para o Vasco, quando o Estevam ainda era o técnico, nosso time conquistou 100% dos pontos disputados. Diferente da SeleFla que empatou em pleno Maracanã com o Olaria (3 a 3) e da SeleVasco, que não conseguiu passar pelo Madureira na última rodada ( 2 a 2). Leva mal não, mas enfiamos 4 a 1 no Madura, fora o o baile. Então eu pergunto: que zebra é essa??

Chegamos nas semifinais mais uma vez sendo tratados como o azarão. É óbvio que somos inferiores tecnicamente em relação ao Flamengo e ao Vasco, e até mesmo em relação ao Flu, mas num jogo decisivo, ainda mais sendo um clássico, isso não conta tanto. O Botafogo sabia de suas limitações, Joel armou uma retranca inteligente e explorando as bolas altas com El Loco e Herrera passamos pela SeleFla, que jogou melhor , teve mais chances, mas o Vagner Love não esteve nos seus melhores dias. Resultado justo.

Como era o Vasco o adversário da final eu já sabia que o título era nosso, porque apesar da nossa freguesia histórica em jogos de meio de tabela, em decisões, eles são nossos fregueses de carteirinha . Dessa vez não foi diferente. O Botafogo armou uma boa retranca e fez a ligação direta defesa-ataque.Não dava pra sair rápido tocando a bola no contra-ataque, porque nossos jogadores são lentos. Então as alternativas eram: ou chutões tentando achar a dupla mercosul ou subir com os laterais , principalmente o Marcelo Cordeiro. Mas depois que nosso talismã, Caio, entrou no lugar do Lúcio Flávio, tudo mudou. Deu pra sair com rapidez pelo meio de campo.Num desses lances o Caio sofreu a falta que originou o escanteio do primeiro gol. Depois de 1 a 0, o Vasco se desesperou, um exemplo foi aquela falta do marginal do Nilton que quase aleijou nosso talismã. O Botafogo teve que sofrer dois pênaltis para o árbitro marcar um, por sinal , muito bem cobrado pelo El Loco, que não esteve bem na partida. A vitória foi merecidíssima, o 2 a 0 ficou de bom tamanho e mais uma vez o Vasco amarelou contra o Botafogo em decisões.
Apesar do Vasco ter tido 60 % da posse de bola ao longo dos 90 minutos, não conseguiu ser produtivo, sendo o Glorioso bem mais perigoso em suas jogadas. Chances de gol do Vasco só mesmo a furada do Dodô e a penteada do Phillipe Coutinho no primeiro tempo e um chute do Carlos Alberto na etapa final. Muito pouco para uma SELEÇÃO.

Ninguém segura o FOGÃO do Joel!!!!!!!!

Treinar pra que?

Caríssimos, Romário era um sábio realmente. Pelos menos ontem o Flu provou isso. Treinou tanto depois da eliminação da Taça Guanabara até emburrecer. Não jogou nada contra o Confiança (?).

O pênalti de Fred foi ridículo, não pela paradinha mas pela displicência com que o atacante foi para a cobrança. Faltou humildade e comprometimento ontem. Até agora, são simplórios dois gols do artilheiro na temporada, ambos contra o Bangu, coincidentemente em penalidade máxima. Tá devendo Fred Slater.

Valeu por ver Wellington Silva, uma espécie de Coutinho tricolor. É bom jogador, já está de saída e por isso deve ser gastado um pouquinho. Na atual fase de Alan e Maicon - e por que não dizer Fred - merece inclusive ser titular.

Vamos esperar as emoções que estão guardadas para a Taça Rio. Coisas estranhas têm acontecido no Laranjal. Depois de um primeiro turno zebrático, não faço a mínima ideia do que pode acontecer.

ST

Um novo tempo?

Realmente, se não houver a participação fundamental dos laterais-eternas-promessas o caminho para o Bi se tornará um pouco mais complicado. Isso é fato. Nessa noite, Leo Moura conseguiu jogar o que não vem rendendo desde 2007, 2008. A nota dele para a partida é maior do que todas as suas somadas ao longo da temporada 2009. Seu corte de cabelo -  à la Bob da Família Dinossauro - há muito tempo aparecia mais do que seu futebol. Finalmente, o apoio e esperança depositado de cada Rubro-Negro voltou a bater de leve no coração. Por que quem torce pelo Flamengo, em seu pensamento e saudade, estima ver jogadas sensacionais, bem trabalhadas, com empenho operário, mas também, com a pureza do dote artístico.

E, Adriano, mais preciso?

Salve, Salve eternidade!


Flamengo 2 x 0 Universidad Católica - CHILE - Versão jornal fox news espanhol


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Às vezes falta dignidade...

Caríssimos, é com certa revolta que reclamo a nova pendência judicial tricolor. O caso Arouca envergonha nossa torcida. Virou rotina não pagar os últimos vencimentos para atletas de saída do clube. Obviamente estes buscam seus direitos na Justiça e obviamente vencem. Porém o Fluminense continua a não pagar e faz crescer a bola de neve da dívida tricolor. Vem presidente vai presidente e este tipo de ação indigna continua. Cada época com suas peculiaridades, mas variações do mesmo tema. Isso tudo fora a saída de outra cria de Xerém sem qualquer rendimento aos nossos cofres.


Agora o clube está impedido de registrar entrada ou saída de atletas na CBF. André Lima , por exemplo, tem contrato assinado mas não pode jogar (nesse caso, grande bosta). Muito justo para quem insiste em dar “tumé”, se faz de bobo pra viver...

Esperamos ansiosos uma reformulação no conceito de gerir o clube tanto quanto títulos de peso, como os que fizeram de nossa história uma das mais lindas do Brasil. Fiquem de olho pois 2010 é ano de eleição!

Saudações tricolores

Estreias em Libertadores - Estatística existe? Lembra 2009?


Esta será a 10ª vez que o Mengo disputa o maior torneio de futebol do continente. A equipe foi uma das poucas a ser campeã logo na primeira participação, em 1981. Todavia, o retrospecto nas estréias não é nem um pouco favorável. Porém, este é um post para que as coisas se acertem e tudo volte ao lugar certo, como nunca deveria ter deixado de ser. Foram 6 empates, 2 derrotas e 1 vitória. Entretanto, vale a pena relembrar alguns destes momentos, seja o empate no maraca contra o galo mineiro, em 1981; a vitória arrasadora sobre o Santos, em 1984 e o empate heróico nas alturas de Potosí (Bol), com gol de Obina e tudo.

1981 - Campeão - 1º Jogo: Flamengo 2 x 2 Atlético MG



1982 - 6º colocado - 1º jogo; Flamengo 1 x 1 Grêmio



1984 - 3º colocado - 1º jogo: Flamengo 4 x 1 Santos



1991 - 5º colocado - 1º jogo: Flamengo 1 x 1 Corinthians



2007 - 9º colocado - 1º jogo: Flamengo 2 x 2 Real Potosí



Outras estréias:

1982 - (6º) Flamengo 0 x 1 Peñarol (URU)
1993 - (5º) Flamengo 0 x 0 Internacional
2002 - (28º) Flamengo 0 x 1 Once Caldas (COL)
2008 - (9º) Flamengo 0 x 0 Cel Bolognesi (PER)

Arco-Íris, este post é para vocês ficarem ao mesmo tempo com inveja e esperança. Mas lembrem-se - A ESTATÍSTICA NÃO VENCEU EM 2009, por que vencerá em 2010?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Zebra cabeluda

Até o uniforme combina! Depois de duas zebras nas semis, a estrela solitária finaliza uma Guanabara de loucuras em plena ressaca de Carnaval. Outro milagre de Papai Joel. Como o cara consegue vencer um campeonato com um time daqueles? Coisa de mágico. O que me chamou a atenção foi ser a primeira vez que vejo saírem dois vices de uma só final.



Mas no todo foi uma tarde divertida. Presenciei Saldanha rezando logo após o primeiro gol do Bostinha, coisa linda. Feio foi ele sair à francesa mandando aquele tchauzinho sem graça de longe, aproveitando uma breve confusão criada por um mulambo marrento. Em um empurra-empurra pós-jogo, o idiota resolveu dar uma cabeçada à la Zidane num vascaíno de cabeça inchada. Só podia ser do lado negro mesmo.

Agora fica a dúvida se Flamengo e Fluminense vão jogar sério essa bagaça no segundo turno e fazer valer a superioridade dos elencos. Até porque ninguém aguenta outra final dessas.

ST

Os mortais e o Olimpo

Ontem tive o prazer de assistir à final da Taça Guanabara. Digo prazer, por que, afinal, deu pra perceber que ambos os vices estão a anos luz de distância do Mengão e que a vitória do Fogo nas cinzas nada mais foi do que a exceção que confirma a regra: no Olimpo só há um e vocês sabem de cor o nome e as duas cores! Além disso, o que fica mais bonito ainda é pensar que o Flamengo poderá ser tetra em cima do mesmo time. Aliás, o Vasco ontem voltou ao seu local de origem. Claro que não é a segunda, mas aos segundos-lugares!

Agora falando de algo um pouco acima, no nível dos deuses do verdadeiro futebol...


Ronaldo Angelim, flagelo nordestino, em toda a sua humildade, abre espaço para o jovem e promissor Fabrício na zaga. O homem da carne-de-sol não vem atuando como no ano que passou e nada mais sensato do que sacá-lo do time antes que a exceção passe a regra. Angelim, há quatro anos no Rubro-negro, tem um perfil diferente dos boleiros tradicionais e isso o aproxima bastante dos torcedores que veem no futebol algo muito maior do que fama, mulheres e fortuna. Somo nós, crentes na austeridade e humildade humana como verdadeiras virtudes que simpatizamos com o grande estopim do hexa! Vamos lá cabra, você tem tudo para voltar a fazer a diferença nessa defesa e o fará!!!
Todavia, cada vez mais fica claro que o resultado do ano passado em relação a esse tem três nomes fundamentais: Maldonado, algoz do galo mineiro em seu galinheiro, abatido na Europa e fora do time até março; Aírton, jovem que parecia louco de pedra, mas que recuperou a força e o futebol protegendo a zaga durante o Brasileiro e acabou sendo vendido para o Benfica; e, por fim, Kléberson, um dos mais enganadores do futebol atual, uma lástima e uma mentira ao mesmo tempo!


domingo, 21 de fevereiro de 2010

Peso Morto

Cruzmaltinos desse planeta,

eu tentei. Vocês são testemunhas de que eu tentei. Não é implicância.
Após o fatídico jogo, ainda atordoado pela derrota, coloquei-me a procurar culpados, tal qual um inquisidor de botequim. Mancini. Não, ele não poderia ser condenado. Diante de um Botafogo sem meio-campo, cuja jogada de ataque (a única!) consistia em chutes para a frente e que os atacantes resolvessem, não posso crucificar nosso treinador por tirar um volante de nosso meio-campo e colocar mais um armador. Por esse pecado ele é inocente. Pensei também no juiz. Nem tanto pelas expulsões, mas porque no lance do primeiro gol o mulambo Jota Siqueira disse ter visto a bola passar por fora, antes de chegar ao zagueiro botafoguense. Ainda não consegui rever o lance de um ângulo bom para confirmar, mas culpar o árbitro é exclusividade do time de uma só estrela. Phillippe Coutinho, dirão alguns? Não! O garoto não arregou e jogou pra cima. Errou um pouco, mas tentou. Titi ou Nilton? Quando os defensores foram expulsos a nau já estava a pique. Culpá-los seria covardia. O capitão Carlos Alberto? Também seria um equívoco. Se não foi brilhante, buscou a jogada o tempo todo e, se não conseguiu, é por um desses motivos ocultos do futebol.
Assim, poderiamos dar os louros e méritos da vitória ao escrete listrado, certo? Errado. O Botafogo apresentou um futebol medíocre, e não fez nada para fazer valer o placar favorável. Não que a vitória não tenha sido merecida, mas certamente justa ela não foi (mas eu já estou velho demais pra achar que existe justiça no esporte...). Joel não fez nada demais, e o garoto Caio só justificou o título de talismã no que tange o sobrenatural, pois mal encostou na bola. El Loco Abreu continua sendo um bonde. E poucas vezes vi um jogador tão Dick Vigarista como o Uruguaio. Fala demais, bate demais - principalmente por cima. Se o juiz tivesse o mínimo de critério, ele teria que ganhar mais um amarelo para sua vasta coleção. Mas não foi por isso também que perdemos.
A culpa, meus amigos, é de um jogador. Ricardo Lucas, vulgo Dodô, a culpa é sua. Raras vezes vi um jogador tão apagado, tão sem sangue, tão sem estrela. "Artilheiro dos gols bonitos", diziam os defensores. "Não quero que sejam bonitos, quero que sejam muitos", eu respondia. Pois agora eu sei que estava certo. A furada no primeiro tempo nem precisava ter acontecido para coroar sua atuação patética. Não sei se Élton ou Rafael Coelho renderiam melhor em seu lugar, mas sei que o salário dos dois somados não se iguala ao seu. No Natal eu já havia dito que sua contratação era um presente de grego para a imensa torcida bem feliz. Você não pode ser tido como contratação de peso nem pro time da APAE.
Ganhar a Taça Rio é o mínimo que esse time pode fazer. De preferência, sem esse encosto.