quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Guerreiros

Caríssimos tricolores, com profunda emoção escrevo meu primeiro post pós-campeonato. Prêmio mais do que merecido para a melhor torcida deste Universo. Domingo perfeito, um 5 de dezembro inesquecível eternizado pela sabedoria de um líder nato. Do banco de reservas, Muricy Ramalho regia um escrete atônito pela grandeza daquele momento. Milhões de tricolores suavam, rezavam, cantavam a todo vapor pelo tricampeonato. Sob a benção de João de Deus e a presença ilustre de todas as almas tricolores desencarnadas. Não foi à toa o abraço do mestre Telê em Muricy na madrugada de sábado. Nada mais simbólico do que o Fio de Esperança sorrir para o homem mais digno do futebol brasileiro. Num simples olhar, sinalizou em sonhos para o seu pupilo que uma história vitoriosa começaria na tarde seguinte. Fato consumado.


Na cancha, um camisa 11 se consagrou no Brasileirão. Deste, a imprensa já cuidou de idolatrar. Será do Flu por mais cinco anos e deixará seu nome na galeria de astros tricolores. Muito obrigado Darío Conca!!! E outro que voou foi Mariano. Completa a trinca de ases da vitoriosa equipe de 2010. Chegou à seleção porque é hoje o melhor lateral direito em atividade no país e, jogando pelo Flu, foi imprescindível no apoio aos nossos atacantes.


Sem Jamais deixar de lado todos os outros jogadores, comissão técnica e profissionais do dia-a-dia tricolor, em nome de nossa torcida, agradeço de coração a cada um por esse marco da retomada. Após todas as glórias do passado, tenho a certeza de que o Fluminense iniciará uma trajetória vitoriosa na modernidade, pulverizando qualquer argumento rival contra a grandeza do clube de Álvaro Chaves. 2011 será ainda melhor!

“Faz a torcida querida vibrar de emoção, o tricampeão!”

Saudações tricolores e parabéns ao time de guerreiros

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Porque o título não foi parar em São Januário

Tripulantes da Nau Vascaína,

Pra quem leva a sério esse futebolzinho mequetrefe praticado neste Brasileirão encerrado no domingo, o título do meu post pode até parecer estranho. Mas, se checarmos o placar do intervalo dos jogos da última rodada, em que NENHUM dos três candidatos a campeão conseguia ganhar de clubes que já estavam rebaixados, sem seus principais jogadores e sem qualquer motivação, não é nada demais. Basta ver a série de exemplos, que apresento a seguir, para reconstituir como nossa nau, naufragada como um Titanic, não conseguiu encontrar o cais da Libertadores e do título. Ainda bem que teve a tábua da salvação, Copa Sul-Americana!



O Vasco ficou a 22 pontos do título. Vou retirar três desta contagem, já que se o Vasco estivesse disputando a liderança, jamais perderia pontos para o freguês, Fluminense. Portanto, tomo a liberdade de deixar por 19 pontos a diferença, em princípio. Abaixo, seguem os pontos perdidos, que culminaram em uma variação tão absurda entre times tão parecidos.

1 – Gols no fim do jogo

Não se toma um gol do Guarani aos 48 minutos do segundo tempo (01 ponto jogado no lixo no primeiro turno) e nem de time dirigido pelo Cuca, em São Januário, no final do primeiro tempo (02 pontos a menos). O mesmo aconteceu com o Grêmio, em meados de outubro, quando o Vasco entregou uma vitória certa, já que ganhava por 3 a 1, nos minutos finais (menos 02 pontos). Muitos devem estar se perguntando do jogo com o Botafogo no returno, mas este, eu vou elencar no segundo tópico. Até aqui, o Vasco já perdeu 05 pontos, que somados aos três da derrota para o Fluminense, nos deixaria com 08 pontos a mais. Com isso, já teríamos tomado o 8º lugar do Santos no campeonato.

2 – Mulambadas dos nossos jogadores

Infelizmente, não foram poucas, caro torcedor cruzmaltino. Como não se lembrar do pênalti bisonho do Titi, aos 44 minutos do segundo tempo, frente ao Botafogo (02 pontos que foram embora)? Como esquecer da carrinhada desnecessária do volante Nilton no atacante do Atlético-MG, em jogo ganho no returno, que nos fez conceder o empate aos 38 minutos do segundo tempo (mais 02 pontos que fizeram falta)? E o canhestro gol perdido pela jovem maldição vascaína, Jeferson Silva, que conseguiu errar sem goleiro e na linha da pequena área (outros 02 pontos, por favor)? Ainda teve aquele gol contra espírita do brilhante Césinha, frente ao Corinthians, em jogo que se valesse, o Vasco não perderia, já que o Corinthians é outro freguês (joga mais 03 pontos pra gente!). Mais 09 pontos, que se somado com os 11 anteriores (da possível vitória contra o Flu e dos gols tomados no fim do jogo), perfazem 20 pontos. Já dava pra sentir o cheiro do título no ar.

3 – Mulambada contra o Flu

A saída de bola mulamba da dupla de ouro, Felipe e Zé Roberto, custou caro para o Vasco no primeiro turno contra o Fluminense. O Vasco ganhava por 2 a 1 do então, ‘invencível’, Tricolor. Mais dois pontos que a gente perdeu.



4 – No apito

O Guarani ganhou do Vasco com pênalti mal marcado pela arbitragem, o que nos daria mais um ponto, no segundo turno. 23, até o momento. Desta forma, o Fluminense seria vice-campeão, com quatro a menos.

5 – Pré-Copa

Como já seríamos campeões somente com a pontuação supracitada, insiro este tópico apenas para mencionar que nossa equipe deixou sete jogos de vantagem para as demais. Saímos da Copa do Mundo em 19º lugar e não fossem os gols no fim da partida e nem as mulambadas, seríamos Hexacampeões brasileiros. Afinal de contas, o Flamengo pulou de Tetra para Hexa, e se é assim, podemos também, uai!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Carta aberta ao governador Sérgio Cabral Filho

Caro governador,

tenho uma enorme admiração pelo senhor. Cruzmaltino como eu, o senhor tem realizado ações de enfrentamento ao tráfico que tornarão nosso Rio de Janeiro uma cidade ainda mais maravilhosa. Porém, creio que o senhor tem pecado no quesito educação. A falta de conhecimentos básicos de matemática colocam a população de nosso estado em situação vexaminosa. Por favor, incluam contagem básica no currículo do ensino fundamental e médio. Afinal, em 2009 riram de nós pois muitos mostraram não saber que se você tem quatro títulos e ganha mais um, passa a ser penta, e não hexa-campeão. Agora, mesmo os garotos dazelite mostram ignorância, achando que um time que acumula o segundo título do campeonato brasileiro passa a ser tri, e não bi-campeão.
No mais, só tenho que parabenizar pelo sucesso da segurança pública. Afinal, a calma de ontem nem parecia que algum clube da cidade havia conquistado nada.

Um abraço,
Rafael Saldanha

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

RT

Cruzmaltinos desse planeta,

sabe quando a gente fica esperando, procurando as palavras certas, a frase certa, e alguém vem e fala o que você estava pensando antes de você? Pois, tenho vivido isso. Tinha pensado em escrever justificando minha ausência, mas mesmo nisso fui ultrapassado. Pois bem, seguindo a tendência do Twitter, só me resta dar RT, e colar aqui o brilhante texto do blog Fundamentalismo Vascaíno, um dos melhores de toda a blogosfera. Aí vai:

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Um beijo na mocinha é o que pedimos.

Esse ano foi de uma inconstância singular, tanto minha quanto do Vasco. Escrevi pouquíssimas colunas para esse site, e maioria delas vieram à tona em momentos de turbulência. Não foi a falta de tempo que fez-me dar um freio nos escritos, foi a falta de Vasco, pelo menos a falta do Vasco vencedor que eu nasci amando. Foi, também, a horrível sensação de impotência que acomete a todos nós quando lemos o noticiário Vascaíno, especialmente nas questões referentes a sempre vulcânica política de nosso clube. É impressionante como esses barrigudos de gravata nunca se emendam! Trabalham dia sim e dia também para perturbar a paz e o juízo dos vascaínos.

Há muito não visito um certo site da oposição, mas tenho certeza que eles andam a grunhir em seus escritos, sempre denunciando um pseudo pecado mortal ou uma suposta tramóia dos dirigentes que hoje comandam o clube. Chego a desconfiar que as esposas desses senhores(se as tiverem) estão sempre a dormir de calças Jeans, na verdade é a única explicação que consigo aventar. Ao terminar de ler qualquer coluna daquele site, a vontade que dá é de ir a um centro Kardecista qualquer e tomar um “passe” pra ver se desanuvia um pouco o espírito e descarrega um pouco daquele ódio impregnante que eles professam.

Descontente, porém, é óbvio que todos estamos. Só é possível descontentar-se com a campanha fraca e bem aquém de nossas possibilidades que conduzimos não só neste brasileiro, como ao longo de toda a temporada. O time titular do Vasco não deve ou deve pouco a maioria dos que estão acima dele, fato incomum durante essa década perdida. E aí, certamente, reside o mais crucial dos problemas, porque a quantidade de partidas que o bom time titular cruzmaltino fez durante a temporada se conta nos dedos. A principal peça, Carlos Alberto, esteve em São Januário em menos oportunidades do que eu, sendo que na maioria delas jogando no “sacrifício”! E olha que esse ano nem fui em muitos jogos. Há de concordar que desse jeito fica muito difícil de almejar algo grandioso.

Aí não vai uma crítica ao nosso capitão, pessoa pela qual nutro simpatia e muito respeito. O caso é que isso afetou mortalmente as ambições que tínhamos. Não acredito que ele seja do tipo chinelinho. Explico. Não vejo o Carlos Alberto como alguém que viva no departamento médico por sua própria vontade e esteja deliberadamente fazendo corpo mole. O fato é que ele se machuca muito, o que somado ao(Pelo menos foi assim que se mostrou) ineficiente departamento médico Vascaíno, acaba por impedir que ele jogue, mas parece que vai voltar agora. Agora que não adianta de mais nada. O Vasco já se consolidou na décima segunda posição, que hercúleamente e contra a vontade de nossos 15 milhões de impacientes corações, tanto buscou ao longo do campeonato. Hélio Ricardo escreveu em sua coluna que fizemos papel de coadjuvantes no campeonato, mas faria um pequeno reparo: Fomos menos, fizemos apenas uma ponta no filme desse brasileiro. Uma ponta sem falas e sem créditos no final.

O Vasco prometido não foi entregue. Confesso que já não é de hoje que apenas dou uma passada de olhos no noticiário vascaíno. Não que eu esteja ficando menos vascaíno, ao contrário, continuo um fundamentalista da causa, como sugere o nome do meu blog(WWW.fundamentalismovascaino.blogspot.com). É que um time em nossa situação estática só é capaz de produzir notícias desalentadoras e que parecem requentadas. A imprensa, sem ter muito o que falar sobre um time sem nada pra dizer, acaba tendo que produzir, por ela mesma, as matérias pra encher lingüiça em seus respectivos veículos. Aí começam as boatarias, os “disse-me-disses”, o técnico que balança mas não cai. Quando começam com isso, é que nada que preste vai acontecer até o fim do ano. Se o time está na pior, lemos com afinco e esperança as notícias, esperando que a tormenta enfim acabe. Quando o time está na ponta, do mesmo modo, mas por motivos naturalmente diferentes, queremos também consumir tudo que se fala do nosso clube. E quando estamos parados no meio da tabela? Aí queremos é que o ano acabe logo e comece logo o seguinte, que sempre renova esperanças.

Pra não parecer que eu também durmo com alguém que dorme de calça Jeans, vamos ver se consigo dar um toque de otimismo nessa coluna. O Vasco prometido não foi entregue, mas existem esperanças concretas que isso aconteça em 2011. Temos uma boa base para manter e reforçar pontualmente. Precisamos, basicamente, de alguém que substitua a provável saída de Rafael Carioca; um zagueiro para jogar com o defensor de nível Internacional Dedé; reposição de qualidade para as duas laterais; um atacante pra chamar de camisa 9; uma benzedeira de plantão no DM e, claro, a manutenção do Rodrigo Caetano, sem a qual todo esse planejamento tende a ir por água a abaixo.

Tudo isso se confirmando, o Vasco tem potencial para ser muito mais que um coadjuvante em 2011. Quem sabe a gente consiga até beijar a mocinha no final.

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Semana que vem eu tô de volta.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A batalha final

Caros Alvinegros,

Assino este que pode ser que seja um dos últimos posts que escrevo sobre o Fogão, no Campeonato Brasileiro de 2010.

Numa oportunidade anterior eu desabafei à respeito do time, do elenco, do aproveitamento nos jogos em que sofremos com uma quantidade enorme de jogadores machucados e suspensos, falei da falta de uma equipe numerosa e dotada de jogadores que pudessem suprir as baixas com qualidade.

Sim, sofremos com tudo isso mas chegamos ao último jogo em condições de disputar o honroso 4º lugar, posição que poderá nos levar à disputa da merecida Taça Libertadores da América em 2011. Não posso negar que houve raça e vontade. Não fosse isso estaríamos lá pelo meio da tabela.

Vou torcer pelos guerreiros que entrarão em campo, claro. Vou sofrer tanto quanto sofremos no ano passado, fugindo rebaixamento. Vou gritar e vibrar como na final do Carioca deste ano quando, desacretidado por todos, vencemos o Flamengo.

Tenho inúmeras razões para acreditar na vitória. Mas a maior delas é a que fala o seguinte: perdemos apenas 6 jogos. Vencer o Bota não é fácil. Poderiam dizer que empatamos demais mas tudo bem, sabemos que o aproveitamento foi menor justamente porque somos a equipe que mais sofreu com contusões.

Acredito na vitória e acredito na equipe. Vamos pra cima deles. Afinal de contas, tem coisas que só acontacem ao Botafogo.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Que João de Deus nos abençoe


"Acreditem: — o Fluminense começou a ser campeão muito antes. Sim, quando saiu do caos para a liderança. "Do caos para a liderança", repito, foi a nossa viagem maravilhosa. Lembro-me do primeiro domingo em que ficamos sozinhos na ponta. As esquinas e os botecos faziam a piada cruel: — "Líder por uma semana. Daí para a frente, o Fluminense era sempre o líder por uma semana."

Nelson Rodrigues já previu nosso trinfo nesta campeonato que está por terminar há quase 40 anos. O Profeta Tricolor sabia desde sempre que a taça seria nossa por méritos e justiça. Sim, justiça. A histórica arrancada em 2009 que livrou o Fluminense do rebaixamento só poderia ser coroada com um título. E um título não se ganha em um único jogo, em um único domingo. Se conquista com alma, com coração, com sangue.

Ainda sem voz por causa da goleada sobre o São Paulo, tento conter a euforia. Tento calçar as sandalhas franciscanas da humildade. Mas confesso que já me imagino pelas ruas e bares da cidade festejando o título. Chego a sentir uma dor quase física de tanta ansiedade. As próximas duas semanas serão as mais longas da minha vida.

O que me faz acreditar mais do que nunca na conquista do campeonato é que Deco finalmente estreou com a camisa tricolor. Fred voltou a marcar e dá força ao nosso ataque. Emerson deve voltar nas duas últimas rodadas para coroar nossa campanha. E Conca, bom... Conca é Conca. Esse último merece uma estátua de bronze na porta de Álvaro Chaves.

Estamos a 180 minutos de uma conquista histórica. A 180 minutos da glória. Que João de Deus ilumine nossos craques e abençoe essa torcida maravilhosa. Amém!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O milagre tricolor


"Eu ficava por conta da vida quando perdia jogo. Não brincava, não saia, não tinha nada que me fizesse alegria. O Fluminense era a minha paixão". Essa frase foi dita pelo mestre Telê Santana e reflete o sentimento de milhões de tricolores nesta segunda-feira. O empate como Goiás foi um duro golpe na caminhada do Fluminense rumo ao título Brasileiro. Mas devemos lembrar que o campeonato não acabou. Esse não foi nosso último jogo. Ainda faltam três rodadas e enquanto houver esperanças, devemos acreditar.

Tentando encontrar forças para ainda acreditar no título, me lembrei das últimas jornadas do Brasileirão de 2002. Havia vários times à nossa frente na busca por uma das oito vagas para às quartas-de-final. O Flu precisaria vencer todos os seus jogos e torcer por combinações improváveis.

Só o tricolor mais otimista acreditava na classificação. Pois vencemos o Vasco, o Botafogo, a Portuguesa. Porém, uma derrota inesperada para o Paysandu quase colocou tudo a perder. Chegamos à última rodada precisando vencer a Ponte Preta, em Campinas, para garantir a classificação.

O jogo parecia um treino de ataque contra defesa. A Ponte massacrou o Fluminense. Aos 20 minutos do segundo tempo já vencia por 2 a 0 e estava roubando a vaga tricolor. Pois foi então que o imponderável entrou em campo. O técnico Renato Gaúcho colocou Magno Alves em campo e dele sairam os passes para dois gols de Roni. Mas o empate não era suficiente. Até que nos últimos minutos, o zagueiro da Ponte brincou na frente de Romário e o Baixinho chutou fraquinho, entre a trave e o goleiro. Vitória de virada por 3 a 2 e o Flu avançou no Brasileirão de 2002.

Com o Fluminense é sempre assim. Nada é fácil, tudo chega com uma dose generosa de dramaticidade. É por isso que nossas conquistas são tão saborosas.

Agora, mais uma vez precisaremos contar com o imponderável para ficarmos com o título. Mas meus amigos, nunca esqueçamos as palavras de Nelson Rodrigues. "O Fluminense nasceu com a vocação da eternidade e quando se fala em eternidade e Fluminense, os milagres acontecem".

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Os 300 de Muricy


Só mesmo um Time de Guerreiros para superar tantas adversidades, tantos obstáculos, tantas tormentas e ainda permanecer praticamente intocável na liderança de um campeonato difícil e equilibrado, como é o Brasileirão. O que os valentes tricolores tem feito ao longo desta jornada me faz lembrar da histórica batalha das Termópilas, travada durante a II Guerra Médica. Isso foi no Verão de 480 a.C, no desfiladeiro das Termópilas, na Grécia Central. Foi nesta época que 300 espartanos sob o comando de seu rei Leónidas, enfrentaram centenas de milhares de persas liderados por Xerxes, filho de Dario.

Naquele tempo, mesmo sabendo de suas limitações numéricas em relação ao adversário, Leónidas enfrentou os persas como se tivesse o mesmo número de guerreiros ao seu lado. Perdeu a batalha, mas derrubou milhares de inimigos e foi decisivo para a salvação de Atenas e, por conseguinte, da nascente Civilização Ocidental.

Agora, Muricy Ramalho faz o papel de Leónidas, o líder de um grupo incansável e predestinado. Um grupo que disputa cada jogada como se aquela fosse a última e decisiva peleja. Sim amigos, estamos diante de guerreiros verdadeiramente tricolores. A cada novo embate, perdemos peças valiosas. Mas nunca caímos porque sempre surge um novo herói.

Na batalha do Beira-Rio, Ricardo Berna parecia ter ganho asas de uma águia e a agilidade de um leopardo. Obra dos Deuses dos futebol. Berna voou em bolas indefensáveis e foi buscar no cantinho chutes impossíveis. Parecia o imortal Castilho com sua habitual leiteria, com uma sorte invejável. Ricardo Berna fez o que se espera de um goleiro. Evitou uma derrota quase certa e conquistou praticamente sozinho um ponto precioso na briga pelo título. Os 300 espartanos de Muricy derrubaram mais alguns milhares de persas nesta jornada.

Agora faltam apenas cinco inimigos pela frente. E com o retorno de nossos maiores guerreiros, Fred, Emerson e Deco, não haverá ninguém capaz de evitar nosso triúnfo.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Os sonhos não morrem


Era ainda um pré-adolescente, com algumas espinhas na cara, quando dei meu primeiro beijo. Eu tinha 12 anos. Foi só um estalinho numa garota chamada Juliana, na pracinha de Eugenópolis. Isso foi em janeiro de 1989. Nesse mesmo dia, o Fluminense decidiria com o Vasco uma vaga nas semifinais da Copa União de 88, que havia tido sua fase final adiada. O Flu jogava pelo empate porque vencera a primeira partida por 1 a 0, gol de Zé do Carmo, contra. E foi um jogão. O tricolor saiu na frente com um golaço de Donizete. Mas o Vasco empatou e depois virou, com um gol nos acréscimos. O resultado levou a decisão da vaga para a prorrogação. Meu Deus, que sofrimento. Até que no primeiro minuto da etapa final do tempo extra, um tal de Zé Maria, que eu nunca mais ouviria falar, colocou o Flusão em vantagem. E no finalzinho, Washington, o verdadeiro, encobriu Acácio e levou o Fluminense para as semifinais. Naquele dia, dei meu primeiro beijo e sonhei pela primeira vez com o meu tricolor campeão brasileiro.
Pra quem não conhece a história, o Flu não chegou nem à final daquele campeonato. Foi eliminado pelo Bahia, que acabaria campeão. Foi minha primeira grande tristeza no futebol.
Nossa, mas o tempo passa muito rápido. Já estou na casa dos 30 anos e ainda não vi o Flu campeão brasileiro. Nesse tempo, tive algumas namoradas, me casei, tive duas filhas, me divorciei, fiz duas faculdades, operei o coração por duas vezes, meu pai faleceu e o Fluminense… bom, o Fluminense vocês já sabem.
Eu poderia ter me divorciado do Fluminense também. Me daria menos dor de cabeça. Poderia fazer de conta que ele morreu. Ficaria só a saudade. Mas não, me recuso a abandonar o pavilhão tricolor. Sinto como se esse clube fizesse parte do meu corpo. É como um órgão vital. Se ele parar, eu paro junto. Eu respiro Fluminense, eu vivo Fluminense… sou viciado no Fluminense.
Decepções como a da Copa União de 88 se repetiram ao longo desses anos. E nem estou falando dos três rebaixamentos seguidos. Falo de 1991, na derrota para o Bragantino no Maracanã. Na eliminação humilhante de 95, para o Santos. Nas derrotas para São Caetano, Atlético Paranaense e Corinthians em 2000, 2001 e 2002. E nas tristes decisões de Libertadores e Sul-Americana para a LDU, em 2008 e 2009. Por tudo o que já passamos, merecemos o Brasileiro desse ano mais do que nenhuma outra torcida. Não que sejamos melhores que os outros, não me entendam mal. É apenas uma questão de justiça. Já estivemos tão perto, tantas vezes e nada. Chegou a hora, torcida tricolor. São seis jogos para o paraíso. Nelson Rodrigues diria nesse momento que “uma torcida vive e influe no destino das batalhas pela força do sentimento. E a torcida tricolor leva com enorme paixão sua presença para dentro dos gramados. Quando o Fluminense precisa de um milagre, os tricolores vivos, os doentes e os mortos aparecem. Os vivos saem de suas casas, os doentes de suas camas e os mortos de suas tumbas”. Portanto, o que são seis jogos para quem esperou a vida toda? Esse é o nosso momento e ninguém vai nos tirar essa taça.
Ainda parafraseando Nelson Rodrigues, “o Fluminense nasceu com a vocação da eternidade e quando se fala em eternidade e Fluminense, os milagres acontecem”.

terça-feira, 26 de outubro de 2010