Na segunda, rumei para Lapinha, um arraiá de Santana do Richo, na Serra do Cipó, a cerca de 400 km de Juiz de Fora e uns 100 Km de BH. Muitas montanhas maravilhosas, estradas de chão passando por locais bem mais puros que o capitalismo cotidiano pensa em me ofertar na cidade. O tempo todo, em meu íntimo fui pensando no confronto de quarta-feira. Sabia que não iria ficar em pousada que oferecesse canais a cabo. Também percebi que a galera local, sem qualquer sombra de dúvida, torcia ou para Cruzeiro ou para Atlético. Normal.
O lugarejo fica próximo a uma represa construída há décadas. E ao mesmo tempo, é servido com serras de pedra maravilhosas, cachoeiras e uma vegetação diferente da que estamos acostumados na zona da mata de Minas. O vento em Lapinha da Serra, seu nome completo, canta forte, nesta época de inverno. Não sou especialista, mas parece a brisa do lago indo e voltando, do entardecer até o meio-dia. Porém, incrivelmente, o local onde fiquei hospedado, apesar do canto das árvores, fazia menos frio do que o som anunciava lá fora. Era uma casa bastante simples, porém confortável até com geladeira e fogão, além de banho quente e rede na varanda. Sem conexão externa. Concentração na natureza, na revisão dos hábitos e energização para o semestre que iria começar.
É claro que não tive qualquer força para esboçar, "mulé, vou lá fora nessa ventania ver se encontro uma TV que passe o Flamengo". O vento tava muito forte e fomos para casa cedo. Olhei para o relógio algumas vezes. Cheguei a marcar num bloco de notas: 18:12, 18:35, 19:01, 19:44, 22h14. Me distraí e o jogo que tinha tudo para ser bom, já tinha começado. Antes da partida, tentei explicar pra Nina que era um momento especial, que o pessoal dos Santos podia querer crescer sobre o Fla, por conta do fiasco sepulcral da seleção brasileira etc etc. Não é totalmente, mas parecia vento passando. "Cê vai ver onde", perguntou, "po, não vou ver. Vou ouvir, fiz uma gambiarra no rádio do carro e vou ouvir a Rádio Globo". Na falta de um clipes, usei uma argola de chaveiro para contruir uma antena de recepção - a original não estava no lugar Já tinha passado muito tempo ouvindo jogo pelo rádio na juventude. E raciocinei que a transmissão deve estar bem mais evoluída que naquela época. E no alto da montanha, tinha certeza que os 1220 iriam pegar. E falo que foi uma transmissão limpa e somente em alguns momentos, perdia volume e ía lá embaixo, parecia que sairia do ar, mas voltava.
Quando liguei o rádio, o Garotinho demorou para falar o placar. Só soube praticamente quando o juiz apontou o penalti de Willians em Neymar. Depois dos 40'. Pela transmissão, fiquei achando que tinha havido rebote na cobrança. Só depois na TVque entendi direito o lance. Imaginei também que se tivesse ligado mais cedo, no início da partida, seria bem provável que ficasse puto e fosse para as cobertas. Mas Iansã, deusa dos ventos me conduziu por um encanto para os melhores momentos da partida e em um estado diferente da maioria das impressões contemporâneas desse espetáculo que é o futebol. Gérson, disse que pelo VT não tinha sido falta. Acho que foi, mas fora da área. Enfim, ainda bem que foi penalti, ainda bem que o Brasil tem Elano e o Flamengo o humor do Filipe.
Em seguida, o gol de Deivid. No intervalo, entrei em casa e expliquei pra Nina o que estava acontecendo. E ela sorriu, mais até pela minha empolgação do que pelo emocionante da partida. Lembrei do pai dela. Sá Chica devia estar chocado com a zaga do mengão e seu coração a mil. Voltei pro carro a tempo de ouvir os gols. Como haviam sido seis, o intervalo só repetiu dois - imaginei que o tempo deveria estar contadinho e não dava pra por os outros. Foram muitas emoções para um tempo só. Comentários e conversa pra caramba. No segundo tempo, apesar do gol de Neymar, já estava satisfeito de não ser 3 x 0. Ouvi, antes da falta inesperada, o Garotinho dizer "é esse o Ronaldinho que todo mundo quer". Foi no lance em que entortou o soldado de Murici. Gérson, já havia alertado para a proeza e criatividade do craque naquele tipo de cobrança. O canhota pensou em todas as variáveis, inclusive em uma que ele tinha cobrado pelo Barcelona, pelo lado da barreira. Para ele, o melhor seria por cima da barreira mesmo. Deu no que deu. Ronaldinho driblou até o tricampeão, exxxxpecialista.
Ainda fiquei emocionado ao ouvir uma tabelinha Neves-Gaúcho em um templo que serviu de narração para Pelé e Coutinho. E no fim, quase um 6 x 4.
Desculpem o excesso de palavras e talvez a falta até de uma emoção mais autêntica, todavia tem momentos e coisas que não ainda que as palavras saem diferentes. Ouvir o jogo no carro me garantiu um momento duplamente único ou completamente ímpar. Apesar de quê, se for para acontecer o que aconteceu, prefiro cancelar o Sportv.
p.s.: só uma coisa me assusta. Jogo na rádio parece camisa de time do interior: tem mais anunciante do que partida. É exagero, mas tem hora que enche o saco.
O lugarejo fica próximo a uma represa construída há décadas. E ao mesmo tempo, é servido com serras de pedra maravilhosas, cachoeiras e uma vegetação diferente da que estamos acostumados na zona da mata de Minas. O vento em Lapinha da Serra, seu nome completo, canta forte, nesta época de inverno. Não sou especialista, mas parece a brisa do lago indo e voltando, do entardecer até o meio-dia. Porém, incrivelmente, o local onde fiquei hospedado, apesar do canto das árvores, fazia menos frio do que o som anunciava lá fora. Era uma casa bastante simples, porém confortável até com geladeira e fogão, além de banho quente e rede na varanda. Sem conexão externa. Concentração na natureza, na revisão dos hábitos e energização para o semestre que iria começar.
É claro que não tive qualquer força para esboçar, "mulé, vou lá fora nessa ventania ver se encontro uma TV que passe o Flamengo". O vento tava muito forte e fomos para casa cedo. Olhei para o relógio algumas vezes. Cheguei a marcar num bloco de notas: 18:12, 18:35, 19:01, 19:44, 22h14. Me distraí e o jogo que tinha tudo para ser bom, já tinha começado. Antes da partida, tentei explicar pra Nina que era um momento especial, que o pessoal dos Santos podia querer crescer sobre o Fla, por conta do fiasco sepulcral da seleção brasileira etc etc. Não é totalmente, mas parecia vento passando. "Cê vai ver onde", perguntou, "po, não vou ver. Vou ouvir, fiz uma gambiarra no rádio do carro e vou ouvir a Rádio Globo". Na falta de um clipes, usei uma argola de chaveiro para contruir uma antena de recepção - a original não estava no lugar Já tinha passado muito tempo ouvindo jogo pelo rádio na juventude. E raciocinei que a transmissão deve estar bem mais evoluída que naquela época. E no alto da montanha, tinha certeza que os 1220 iriam pegar. E falo que foi uma transmissão limpa e somente em alguns momentos, perdia volume e ía lá embaixo, parecia que sairia do ar, mas voltava.
Quando liguei o rádio, o Garotinho demorou para falar o placar. Só soube praticamente quando o juiz apontou o penalti de Willians em Neymar. Depois dos 40'. Pela transmissão, fiquei achando que tinha havido rebote na cobrança. Só depois na TVque entendi direito o lance. Imaginei também que se tivesse ligado mais cedo, no início da partida, seria bem provável que ficasse puto e fosse para as cobertas. Mas Iansã, deusa dos ventos me conduziu por um encanto para os melhores momentos da partida e em um estado diferente da maioria das impressões contemporâneas desse espetáculo que é o futebol. Gérson, disse que pelo VT não tinha sido falta. Acho que foi, mas fora da área. Enfim, ainda bem que foi penalti, ainda bem que o Brasil tem Elano e o Flamengo o humor do Filipe.
Em seguida, o gol de Deivid. No intervalo, entrei em casa e expliquei pra Nina o que estava acontecendo. E ela sorriu, mais até pela minha empolgação do que pelo emocionante da partida. Lembrei do pai dela. Sá Chica devia estar chocado com a zaga do mengão e seu coração a mil. Voltei pro carro a tempo de ouvir os gols. Como haviam sido seis, o intervalo só repetiu dois - imaginei que o tempo deveria estar contadinho e não dava pra por os outros. Foram muitas emoções para um tempo só. Comentários e conversa pra caramba. No segundo tempo, apesar do gol de Neymar, já estava satisfeito de não ser 3 x 0. Ouvi, antes da falta inesperada, o Garotinho dizer "é esse o Ronaldinho que todo mundo quer". Foi no lance em que entortou o soldado de Murici. Gérson, já havia alertado para a proeza e criatividade do craque naquele tipo de cobrança. O canhota pensou em todas as variáveis, inclusive em uma que ele tinha cobrado pelo Barcelona, pelo lado da barreira. Para ele, o melhor seria por cima da barreira mesmo. Deu no que deu. Ronaldinho driblou até o tricampeão, exxxxpecialista.
Ainda fiquei emocionado ao ouvir uma tabelinha Neves-Gaúcho em um templo que serviu de narração para Pelé e Coutinho. E no fim, quase um 6 x 4.
Desculpem o excesso de palavras e talvez a falta até de uma emoção mais autêntica, todavia tem momentos e coisas que não ainda que as palavras saem diferentes. Ouvir o jogo no carro me garantiu um momento duplamente único ou completamente ímpar. Apesar de quê, se for para acontecer o que aconteceu, prefiro cancelar o Sportv.
p.s.: só uma coisa me assusta. Jogo na rádio parece camisa de time do interior: tem mais anunciante do que partida. É exagero, mas tem hora que enche o saco.
2 comentários:
O jogo foi uma pelada e a euforia da imprensa só mostra como o jornalismo esportivo está decadente. Qq jornalista sério teria levantado o fato de q mais do q um jogo de ataques fortíssimos, foi uma partida de zagas patéticas. Antes mesmo do jogo começar, eu já havia vaticinado: Rafael, Léo, Pará, Durval e Dracena são um lixo. Dos 5 gols do Flamengo, eles falharam em pelo menos 3. Léo Moura e Junior César são um pouco melhores, mas Filipe, Angelin, David Braz e Welinton é elenco de filme de comédia (ou terror, se vc é flamenguista). 2 dos gols do Santos surgiram de falhas clamorosas deles.
O que aconteceu quarta? Aconteceu o que acontece quando os melhores são marcados pelos piores da pelada. Um monte de gols, muitos facilmente evitáveis. Acontece que futebol não é só gol. É ataque E defesa. Santos e Flamengo jogaram meio futebol cada um. No final, os dois times foram goleados.
Eu ainda ouço muito jogo pelo rádio. Menos agora, que descobri o www.rojadirecta.es. Mas quando o site tá muito lento, eu ainda apelo para a CBN (tem menos propaganda que a Globo).
Sobre o jogo, eu vi um pouco diferente. Quando liguei a TV já estava 3 a 0 pro Santos. E o que eu posso dizer é que, daí pra frente, o jogo nao teve nada de sensacional. Foi, na verdade, um jogo de um time só. Só o time de regatas jogava. A virada era pedra pra lá de cantada... na verdade, nao consigo entender como o Santos marcou 3 gols jogando daquele jeito...
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