Lembro de um tempo em que só ficava sabendo dos resultados da rodada no carro, de manhã, com o rádio ligado na emissora AM. Isso por que aqui em Juiz de Fora só sintonizávamos Rádio Globo direto do Rio, no 1220. Geralmente, as notícias chegavam quando estava a caminho do colégio e meu pai nos conduzia para as aulas do ensino fundamental. Uma outra alternativa era tentar assistir na Band, em meio a um toró de chuviscos e ruídos, o Januário de Oliveira gritar que havia um corpo extendido no chão. Atualmente, é possível saber em tempo real o que está acontecendo em todos os estádios e no mesmo instante, não vou ao colégio de carona, nem meu pai está por aqui. Mesmo assim, somente às 9h dessa última quinta fiquei sabendo que o Flamengo havia saído vencedor no confronto da quarta. Não por conta de falta de fontes, mas de vontade, de medo do que estava se transformando aquela jornada angustiante, irmã das outras passadas.
No meio da semana anterior, foi duro sofrer pela inoperância diante os bambis e a falta total de competência reapareceu contra o Vitória, já no sábado. Às vezes uma força sinistra se apodera do astral do Mengão e dá vontade de chorar, quebrar o chão, bicar a TV por que é inexplicável, são erros bizonhos que se repetem e minam o coração de quem assiste a partida.Todavia resisto por que sei que futebol é uma moral muito mais paciente e pacífica do a que se tenta vender por aí. Não é preciso fanatismo, mas é necessário ser fanático se for o caso.
Pedia para que alguém aparecesse para vazar da porta do bar. Estava difícil de ficar ali parado, sem cerveja, sem cigarro. Apareceu a carona, vazei, fui pra casa, dormi. Acordei, dei aula e na sala dos professores vi o jornal com a vitória do Flamengo. Antes, durante a noite, comentei que esse Fla estava me lembrando o início dos anos 2000, me que eu não queria assistir aos jogos, mas mesmo assim, os via e só me ferrava.
Bom, mas o importante é que o Fla sobe e o Flu desce a ladeira. Sei que ainda lutaremos na parte inferior da tabela, mas acho que os tricoletes já estão com as pernas bambas preparando a bitola para a ferrada. E o pior é que fingem que são machos!
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