quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Chef de um prato só


Cruzmaltinos desse planeta,

em alguns momentos, eu prefiro me calar a cometer uma injustiça. A crítica do calor do momento nem sempre é a melhor. É preciso dar tempo ao tempo, esperar para ver se as coisas se confirmam. O problema é que tem hora que bate a sensação de ter esperado tempo demais...
No início desse campeonato, prometi a mim mesmo que não ia xingar o Cristóvão. Eu nunca gostei do trabalho dele, mas vinha tendo resultados. "Ok!" - pensava eu - "deve ser o tal futebol pragmático..." O problema desse tipo de jogo feio é que, quando os resultados param de vir, não nos sobra nada. Desde o início do ano me incomoda o futebol feio e sem graça que o Vasco vem jogando. Sem criatividade, dependendo sempre de um momento de genialidade de Juninho Pernambucano e rezando para o acaso quando ele não está em campo. A imprensa fala que Cristóvão não pode fazer um bom omelete porque lhe tiraram os ovos (duplo sentido?). Porque eles dizem isso? 
Tal como Régis Rosing, os colunistas de futebol gostam de fazer previsões. Gostam de criar contos de fadas, historinhas onde no final eles poderão dizer "bem que eu te disse". Pois eles começaram a contar uma linda história de um técnico negro que assumia como interino e levava o time combalido com a perda de seu  comandante ao título ou a um resultado expressivo, pelo menos. Parece enredo da Disney ou daqueles filmes de futebol americano que passam a tarde no SBT. Porém, o que fazer quando as previsões começam a dar errado. Admitir o equívoco é algo que jamais passa cabeça desses oráculos do futebol. E aí começa o esporte número 1 do Brasileiro: arrumar desculpas. 
É claro que time nenhum do Brasil perde jogadores do nível de Rômulo, Diego Souza e Fagner impunemente, mas será que foi isso que prejudicou o Vasco? Desde o início de seu trabalho no Vasco, Cristóvão tem se notabilizado por não mandar a campo os melhores jogadores. Agora, tal qual um treinador de Elifoot (analogia roubada de Bruno Alberto), se limitou a colocar novos jogadores em seu esquema tático velho e ver no que ia dar, ignorando as características deles. "E daí se Carlos Alberto não joga igual ao Diego Souza? Coloca ele lá que vai dar certo." Já vi comentarista falando que o Vasco sente a falta de Ramon e Élton. O primeiro já deixou a colina há um ano e o segundo saiu tem uns oito meses!
Tiraram os ovos de Cristóvão (duplo sentido?)? Então não dá pra fazer um omelete. Mas que tal olhar pro ingredientes que ainda tem e ver o que pode ser feito? Não, ele só tem na mão uma receita de omelete. É o Chef de um prato só. 
Em uma rodada que estava sem outras opções, improvisou Auremir na lateral-direita e o rapaz foi bem... E por isso ele não coloca Jonas - especialista da posição - para jogar! Inventaram que Felipe e Juninho não podem jogar juntos (mais uma vez, os "analistas"), então ele coloca Carlos Alberto - que é mais lento e menos objetivo do que o Maestro - pra fugir do julgamento dos escrevinhadores. Willian Bárbio é uma ofensa ao futebol. Colocá-lo em campo é uma ofensa pessoal a todos os vascaínos. É como um dedo médio correndo pela grama apontando para mãe de todo mundo que paga ingresso e compra camisa. Não é possível que no elenco não tem ninguém melhor que o Bárbio. Nem nos juniores. Aliás, há quanto tempo não se testa ninguém das divisões inferiores? A escalação de ontem foi o prenúncio do resultado: entrar com Eduardo Costa E Willian Bárbio é de fazer o cu cair da bunda. Voltando às analogias gastronômicas: parece que já que não tem ovo, o Chef Borges está tentando se virar com os legumes podres que ele achou no fundo da geladeira. 
O que o Cristóvão faz com Pipico é covardia. Ontem ele mandou o atacante a campo no momento em que tirava seu último homem de criação pra colocar mais um volante (perdendo de 2x0!). Não estou dizendo que Pipico é craque. Eu nem sei como ele joga, mas gostaria de vê-lo pelo menos uma vez numa situação que não fosse uma roubada completa. 


Analisando o elenco, só tem dois clubes que têm elencos claramente superiores ao do Vasco: Atlético Mineiro e Fluminense. O resto, é mesmo nível e olhe lá. No começo do torneio, disse que estava acreditando que o Vasco terminaria em sexto. Hoje, penso que nosso lugar é o terceiro, e que um quarto lugar já seria uma zebra. Abaixo disso é inaceitável. Porém, quando vemos quem e como vai a campo o nosso time, o desespero bate. De que adianta ter ingredientes pra um bolo, ou para uma macarronada, se o cara que vai preparar só sabe fazer omelete?


Um comentário:

Marcelo Braga disse...

Muito sensato! Parabéns pelo post, Saldanha!

Concordo contigo, apesar de sempre achar que o CB fez muito milagre nesse time do Vasco.