quinta-feira, 29 de março de 2012

Obrigado, Animal


Cruzmaltinos desse planeta,

eu queria ter visto o Animal. Lembro de quando ele começou. No Brasileiro de 92, tínhamos o melhor time e ficamos de fora por conta de vacilos na fase decisiva e 2 pênaltis perdidos pelo Santos, que colocaram os mulambos pra ganhar o título encima do Foguinho. Edmundo foi a revelação. Não gostava de Bebeto. Gostava da molecada. Nos anos seguintes, me lamentei ao ver o craque vestindo verde - até tenho uma simpatia pela porcada de São Paulo - e aguardei seu retorno. Em 97, vi a injustiça. Se a FIFA não fosse um clubinho de velhos europeus que só lembram do Brasil quando vão falar daquele senhor marketeiro que fala na terceira pessoa, Edmundo teria sido o melhor do mundo naquele ano. Nem posso dizer que "só faltou fazer chover". Nem isso faltou. Basta ver o jogo contra o União São João de Araras.


Sofri com o pênalti perdido em 2000, mas vibrei com o gol contra o Manchester United que nos rendeu o ódio da torcida Red Devil até hoje. Sofri com o pênalti perdido na semi-final contra o Sport em 2008, mas lembrei que só fomos pros pênaltis por causa dele. Sofri com seu último jogo, contra o Vitória, no momento mais triste do Gigante da Colina... E ele encerrou a carreira.
Um ídolo como Edmundo, saindo pela porta de trás. Tava errado.
Ontem o Vasco fez justiça em campo. Não importa se era contra um saco de pancadas do Equador, não importa se estava quase 4 anos atrasado: O Animal merecia um jogo de despedida, um jogo de festa, e numa festa de aniversário de um artilheiro como Edmundo, era preciso presentear o ídolo com o que faz a alegria do jogador de futebol: muitos gritos de gol. 
Eu ia ao jogo. Me animei, troquei horários de aulas e descobri um ponto de vendas pertinho da minha casa... Só para descobrir que o jogo seria às 19h30, e não às 21h, o que impossibilitaria minha presença... O pior foi chegar em casa e ver que um apagão em São Janu fez o segundo tempo atrasar quase meia-hora... Era como alguém dizendo: "Corre, ainda dá tempo"...
Não vi no estádio Edmundo jogando. Mas vi sua carreira do início ao fim, e só posso agradecer. Outros poder ter sido mais jogadores (que conviveram, talvez só aquele carequinha francês e um certo deputado baixotinho), mas Edmundo foi mais ÍDOLO do que esses daí conseguiriam imaginar...
Obrigado.

14 comentários:

Henrique Binato disse...

Me desculpe Saldanha pelo que escreverei a seguir.
Não tenho o direito nem porque questionar sua idolatria ao Edmundo, mas o farei assim mesmo.
Primeiramente, achar que em 1997 o Edmundo jogar mais que o Ronaldo,é, no mínimo presunção.
E mais, o Edmundo tomou muito mais do Vasco do que deu ao Vasco. Sem dúvidas ele foi o melhor jogador do campeonato de 1997 com direito a esculacho no Flamengo, mas parou por aí.
Saiu do Vasco sempre que pode e voltou sempre que não tinha mais para onde ir.
Teve uma vida fora do campo muito mais atribulada que outros ditos cachaceiros por aí.
E finalmente dizer que talvez só Zidane e Romário foram mais jogadores que ele é insanidade.
Os Ronaldos(bola e gaúcho, pelo qual nutro profunda antipatia), Raúl, Dennis Bergkamp e tantos outros suplantaram o Edmundo, que não foi mais jogador porque não conseguiu.
Simples assim.
O Edmundo em sua esquecível passagem pelo Flamengo beijou escudo e mostrou a manjuba pra vocês, não vejo como ter tal exemplo como ídolo.
Mas você e toda torcida bacalhesca tem o direito de terem o ídolo que quiserem, afinal o do Botafogo é o Loco Abreu!!

JTVascao disse...

Muito bonita a festa ontem. Legal ver que o Edmundo gosta tanto do Vasco assim, foi muito emocionante. Sinceramente, não o tenho como ídolo, embora reconheça que ele é sim um ídolo da torcida vascaína.

JTVascao disse...

Agora o Henrique iniciou uma discussão muito polêmica: o que um jogador precisa fazer pra ser ídolo de um Clube?
Primeira coisa: a vida fora de campo não tem nada a ver. Se o cara matou três pessoas ou construiu três igrejas, isso nunca vai interferir na paixão relacionada ao futebol.
Mas, tirando essa parte, eu deixo algumas perguntas no ar: jogar em um clube rival interfere? Ganhar títulos é importante? Fazer gols decisivos é importante? Ser torcedor do Clube é essencial?
Na minha opinião, não há resposta pra isso. A paixão do torcedor não é medida por situações específicas. E o caso do Edmundo com o Vasco é a prova disso. O comentário do Henrique é muito sensato, mas a paixão do torcedor não é assim.

Henrique Binato disse...

JT...concordo plenamente que não exista regra para ter ídolo.
Daí não querer enxergar a realidade técnica do ídolo em relação a outros é cegueira demais.
Eu tenho, por exemplo, o Pet como um ídolo no futebol e dane-se se ele jogou no Vasco ou Fluminense.
Jogou muito, ganhou títulos importantes, deu sangue, fez gols históricos.
Ganhou mais do que o Romário, mas o baixola é meu ídolo maior entre os que vi jogar no Mengão

Marcelo Braga disse...

Penso também que ídolo é aquele que marca um gols numa decisão, aquele que conquista títulos, que tem empatia com torcida.

Pode ter jogado em rivais ou ter matado quem quiser fora de campo, pois a idolatria de uma torcida a um jogador se constrói dentro de campo.

Saldanha, tirando seus exageros, com certeza o Edmundo é um ídolo do Vasco e todo ídolo merece uma despedida.

Luciano Vascaíno disse...

Prezados,

Tenho 35 anos e vi o finzinho da carreira da Roberto, o início da do Romário, e o(s) retorno(s) do baixinho à São Januário, primeiro para ganhar o Brasileiro e a Mercosul de 2000 e depois na Campanha dos Mil Gols. Vi também o Bebeto trocar a Gávea por São Januário, de um jeito que só quem viveu na época da Lei do Passe entenderia. Os quatros estão entre os maiores jogadores da era mais atual do Vasco. Cada um contribuiu com um título nacional. Mas quais são os ídolos? Edmundo e Roberto (esqueçamos seu papel de presidente e pensemos apenas como jogador). Bebeto trocou o Flamengo pelo Vasco e tinha tudo para ser um super ídolo do time, já que honrou com muito profissionalismo a camisa cruzmaltina, mesmo após ter sido campeão da Copa União pelo Flamengo. Por que não virou ídolo? Nunca demonstrou amor ao Vasco, mesmo quando um de seus filhos (o mais velho) se tornou vascaíno. E acabou também sem se tornar ídolo do Flamengo e do Botafogo, onde também jogou (tenho minha opinião sobre isso, mas acho que flamenguistas e botafoguenses podem opinar melhor sobre isso). E Romário? Esteve em campo na final mais épica da história do futebol mundial, sendo protagonista. Enfiou uma sacola de gols no Flamengo em várias oportunidades. Fez mil gols com a camisa do Vasco (tem estátua feita pelo ex-presidente). Mas cometeu as mesmas falhas do Bebeto. Torcida reconhece ídolo não só pelo que faz em campo. Mas principalmente por suas atitudes fora dele. Edmundo chorou em campo ao jogar contra o Vasco de Romário e se deparar com a torcida cantando seu nome. Ali ganhou a todos, sem usar a nossa camisa. E finalizando, não basta fazer e acontecer fora de campo, chorando, dizendo que ama, beijando escudo, falando que volta para casa; e depois não fazer acontecer no gramado. A torcida pega birra, raiva, sabe que o discurso é da boca pra fora. Só pra "ganhar a galera". Mas se torcida é passional, também não é burra, sabe reconhecer quem ama E ganha. Depois pode até perder, que será perdoado. O Edmundo esta aí para não deixar eu mentir.

Luciano.

PS.: Cheguei aqui pelo Henrique, sobrinho do meu vizinho, que apesar de bater continência às hordas mulambas é gente finíssima. E pretendo estar sempre por aqui cornetando as cornetadas de vocês.

Renato Saldanha disse...

Rafael, eu vi o Edmundo em campo. Em 2004, na pré temporada do Flu em JF, ele tava no Flu x Tupi. Nao jogou, mas ficou na beira do campo, fazendo abdominais e gastando umas calorias na bicicleta ergométrica.

Falando sério, eu acho que ele foi um injustiçado em sua passagem pelo Flu. Naquele time complicado, cheio de estrelas, ele foi o mais comprometido, o único que nao faltava treino nem inventava historinha pra nao jogar. Nao foi brilhante, mas mostrou caráter.
Ah! vale lembrar que a filha dele é tricolor.

Marcelo Braga disse...

Na passagem pelo Flu não foi brilhante e nem comprometeu.

Rafael Saldanha disse...

Olhe só, achei q esse post descompromissado nem ia render... LOL

Binato,

Como Jack, o estripador, vamos por partes:

ídolo é tipo amigo. Tem aqueles bonzinhos, que a gente sabe que estarão sempre lá. E tem aqueles que falam merda, que fazem merda, com quem vc fica puto muitas vezes... E ele sempre volta! Edmundo é meio que esse do segundo tipo. Ia pra mulambolândia, dava ódio na gente, mas voltava e a gente perdoava... Pq fazíamos isso? Afinal, o racional seria ficar com o pé atrás, certo? Pois a maior mentira q inventaram foi chamar o homem de "animal racional"...

Qnto a ter sido melhor do mundo em 97, não tenho dúvidas. Ronaldo não estava tão bem assim naquele ano, tanto que o eleito da FIFA foi o Zé Ninguém Weah. Zidane jogou mais, o baixola jpgou mais. Ronaldo até teve uma carreira mais constante (embora não tenha tido nunca um "1997" em sua carreira...). Raúl vc zoou. O cara jogou metade do tempo pq era genro do presidente do clube... Bergkamp não é ídolo nem na Holanda... Isso é deslumbramento com futebol de videogame, meu caro...

Concordo com a parte que o Luciano fala do Bebeto, embora tenha o Romário como ídolo. Um ídolo diferente, qse um ídolo "profissional", mas ídolo.

Enfim, opinião é que nem bunda: vcs deram as de vocês, eu guardo a minha.

Um abraço

PS: Edmundo tem filho tricolor? Qual? Aquele com a Cristina Mortagua?

http://ego.globo.com/Gente/foto/0,,46135635-EXH,00.jpg

Isso explica muito...

Renato Saldanha disse...

Nao, a filha dele é tricolor, nao o filho.

Rafael Saldanha disse...

Vamos entrar em mais um "Desenhando a piada"?

Marcelo Braga disse...

Claro que não, o filho dele é vascaíno, assim como a Ariadna.

Henrique Binato disse...

Saldanha, dizer que Raul e Bergkamp nao foram grandes jogadores é total desconhecimento do futebol mundial, e tenho certeza que voce conhece.
A racionalidade pode nao imperar mas deve ser usada.

Rafael Saldanha disse...

O Bergkamp foi mais ou menos, e o Raul era grosso. Se tivesse colocado o Van Basten ou mesmo o Beckham na história eu ficava quieto. Esses dois q vc citou são muito fraquinhos e não dão nem pra saída comparando com o Animal.