quarta-feira, 27 de julho de 2011

Tropeço imperdoável

Já disse aqui que alguns times grandes, embora joguem a série A, permanecem em uma série B psicológica. O Atlético, sem dúvida nenhuma, é um deles. Na verdade, nem sei se ainda podemos dizer que o Atlético é grande. Se levarmos em consideração a torcida, sim, o Galo é grande. Agora, se o critério for conquistas, o time mineiro (com apenas 1 brasileiro a longínquos 40 anos) pertence ao segundo escalão do futebol brasileiro, junto com Coritiba, Sport, Botafogo, etc.

Além disso, o Atlético está quase na zona de rebaixamento, com técnico ameaçado, torcida pressionando... Por tudo isso, não dá pra entender por que o Flu respeitou tanto o time mineiro. Com uma escalação equivocada (até quando o Abel insistirá nesse 4-5-1?), o tricolor não agrediu o time mineiro. Ficou aguardando, tocando a bola de lado, esperando sei lá o quê. Podíamos ter matado o jogo no primeiro tempo, quando o adversário estava nervoso e inseguro. Mas como nada fizemos, o Atlético foi ganhando confiança, se arriscando mais ao ataque.

No segundo tempo a coisa mudou de figura. O Atlético se lançou ao ataque, e mesmo sem muita qualidade, começou a rondar o gol tricolor. Nosso goleiro (que vem mostrando muita segurança, diga-se de passagem) já tinha sido obrigado a fazer uma ou duas defesas importantes, quando acabou acontecendo o inevitável.

Daí pra frente foi um bombardeio tricolor, com um festival de gols perdidos e cruzamentos errados. Aliás, essa é uma cena que tem se repetido à exaustão: nossos zagueiros e atacantes bons de cabeça na área, e o cruzamento vem por baixo. É impressionante como Carlinhos (principalmente), Mariano, Souza e Marquinho não conseguem acertar um cruzamento. No próximo treino, o Abel tem que separar esses jogadores e deixá-los de castigo, brincando de “cruzinha” até cansar. Garanto que será produtivo.

Independente disso, no fim ficou a impressão de que o Flu perdeu porque não teve gana de vencer. Faltou jogar como favorito, se impor como o atual campeão. Um tropeço imperdoável.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O Mito

Cruzmaltinos desse planeta,

quem me conhece ou quem acompanha o blog há algum tempo deve saber que eu não torço pela Seleção Brasileira. Não é uma questão de torcer contra (embora alguns jogadores me façam torcer contra - Neymar, Roberto Carlos, Robinho), mas mais uma coisa de falta de empatia. Desde que eu tinha 9 anos de idade e vi a seleção do Lazaroni tapando a logo da Pepsi na foto oficial eu entendi que aqueles caras da blusa amarela estavam mais preocupados com o tutu do que com a bandeira... Talvez por isso eu nunca mais tenha ligado para as listas de convocados, mesmo quando incluíam jogadores vascaínos. Porém, hoje foi diferente.
Acompanhei a carreira do zagueiro, desde quando a torcida pegava no pé dele - eu inclusive - até sua consagração recente. As declarações de que hoje seria o dia mais feliz de sua vida me deixaram feliz. Mesmo sabendo que isso aumenta o olho grande em cima do zagueiro, mesmo pensando nos jogos que o camisa 26 vai nos desfalcar no Brasileirão, sim, eu fiquei feliz. Não tinha como se aborrecer com a realização dos sonhos de um cara que tem se dedicado tanto ao club que eu tanto amo. Sendo assim:

Parabéns, Dedé! Mostra pra eles porque em São Januário você se tornou O MITO!

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Eu disse que dava pra fazer um hat-trick. Batemos os três patéticos. Estamos 1 ponto acima das minhas projeções. Vamos lá! Rumo aos 72 pontos!

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O futebol hoje em dia, sobretudo no Brasil, passa por uma crise. Não é necessariamente uma crise de talento, ou uma crise de resultados. Essas daí se resolvem facilmente. Muda um técnico, passa uma geração, cedo ou tarde tudo volta para o que era antes. Muito mais grave do que isso é a crise de valores que temos hoje no futebol brasileiro.
Futebol é uma paixão, futebol é um negócio milionário, mas - acima disso tudo - futebol é um esporte, e como tal, exige que seus praticantes sigam uma determinada conduta ética. É aquilo que chamam de "espírito esportivo", que parece que foi eliminado do futebol.
O espírito esportivo diz que é preciso respeito não só pelas regras da competição, mas também respeito pelo adversário - tanto por sua integridade física quanto por sua honra.
Já escrevi sobre o "moleque" Neymar e os outros "moleques" do Santos. Humilhar o adversário - ofendendo ou fazendo palhaçadas em nome do "espetáculo" - não é uma atitude de esporte. É mais condizente com jogos de gladiadores.
Por falar em Gladiador, alguém devia falar para o Kléber que tentar tirar proveito da gentileza do adversário denota falta de caráter. No esporte, não vale tudo pra se dar bem. Não é só porque a regra não diz o contrário que esse tipo de coisa passa a ser permitido. Mais elevada que a proibição legal é a proibição moral. A justificativa de que o Flamengo não poderia reclamar porque abusava da cera faz sentido, também mostra falta de respeito do lado de lá, mas um erro não justifica o outro - mas isso o Gustavo Poli, do Globo, já falou melhor do que conseguirei.
Porém, a face mais grave do desrespeito ao adversário é aquela quando os adversários se esquecem que aquilo é só um esporte, e coloca em risco a integridade física de companheiros de profissão, como aconteceu no jogo entre os juniores de Vasco x Sport. A agressão aconteceu de maneira covarde, e o fato de ter sido em uma partida de garotos é emblemático: os valores que os mais jovens trazem, desde o início de suas carreiras, são esses.


O esporte é uma forma de competição que visa substituir as guerras na formação das pessoas. Formação física, psicológica, mental e de caráter.
E aí? Será que ainda dá pra chamar o futebol de esporte?


Bravura Indômita

Devo confessar: essa história de “Time de Guerreiros” nunca me agradou. Não me lembro bem quando começaram com isso, se foi na Copa do Brasil de 2007, na Libertadores de 2008, ou na façanha de 2009. Porém nos 3 casos, se é verdade que o Flu mostrou garra, mostrou também muito futebol. Exaltar apenas a veia guerreira desses jogadores, sempre me pareceu algo injusto, mais apropriado para os Jogos Militares.

Porém, é impressionante como o Flu cresce em situações extremas. Quanto mais improvável, melhor. Quanto mais o adversário abusa da violência, ou quanto pior o gramado, melhor pro Flu. Ontem, foi mais um exemplo disso.

Em um gramado deplorável e com uma arbitragem desastrosa, o jogo foi uma carnificina. Honrando as tradições gaúchas, os discípulos do Felipão desceram o sarrafo. E o mais interessante é que isso acordou o tricolor. Quanto mais o Palmeiras batia, mais o Flu se agigantava. Ontem, Marquinho só seria parado no tiro. Fred tinha os olhos de um maníaco, saltados da órbita; Diguinho mais parecia o Jack Nicholson, em O Iluminado; Edinho cresceu tanto que acabou a partida com 3,45 metros de altura; Gum babava feito um cão raivoso; e Márcio Rosário deixou Maicon Leite chorando, com medo até da própria sombra... e assim o Flu ganhou os 3 pontos e deu mais uma demonstração de sua bravura indômita.

Por isso, daqui pra frente, o melhor seria que o Flu mandasse todos seus jogos nas Laranjeiras, na Rua Bariri, ou no estádio do São Cristovão. Sempre que for preciso mostrar quem é mais macho, o Fluminense será vencedor.