sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Neymar e os meninos da Vila

Lamento, mas hoje vou fugir do nosso tema principal. De tempos em tempos, surge um assunto digno de nota dentro do mar de insignificância chamado de "futebol paulista". Geralmente me seguro, espero alguns dias para ver se a relevância do tema é passageira, o que geralmente acontece. No entanto, dessa vez, adiei tocar nesse assunto até demais. Preciso urgentemente falar dos meninos da Vila, e em especial, de Neymar.
Tenho quase trinta anos. Acompanho futebol há quase vinte. Tive o prazer de ver Romário no auge. Vi o ano brilhante de Edmundo, em 1997. Acompanhei as carreiras vitoriosas de Ronaldo e Zidane do início até o fim (vamos combinar, Ronaldo, sua carreira já acabou!). Todos esses foram craques, gênios maiores da bola.
E tenho visto Neymar. O que já vimos Neymar fazer? Ganhou um título paulista, e uma Copa do Brasil. Perdeu uns 5 pênaltis, quase todos por displicência. Ficou famoso por aplicar dois chapéus, o último na noite de ontem. Detalhe importante: os dois com bola parada. O lance não tem objetivo, senão o de desrespeitar o adversário. O técnico tenta justificar, dizendo que é do instinto do jogador. Romário, Edmundo, Zidane, Ronaldo... Jamais vi nenhum desses fazer coisa semelhante. Na fala do jogador, fica mais fácil notar o desprezo que Neymar tem por seus companheiros de esporte: "Dou mesmo". O jogador santista não vê nada de errado.
Os adversários dizem que a arrogância do atacante não para por aí. Segundo o zagueiro do Avaí, Neymar teria dito que "é milionário e pode tudo". Seria difícil acreditar, mas tal atitude não chega a ser surpreendente após o episódio da Webcam do time do Santos, há menos de um mês.



A imprensa os mima. Vem com um discurso de "eles são jovens, inconsequentes, falam essas coisas sem pensar". Bobagem. Isso não é falta de idade, é falta de caráter. Falta de valores. A imprensa tanto babou o ovo desses garotos, que nem conquistaram títulos de grande expressão, que eles realmente passaram a acreditar que são realmente seres superiores. A prova estaria em suas contas bancárias. É um fenômeno que não atinge somente jogadores de futebol, mas jovens idiotas de todos os meios. Afinal, um jovem rico que agride uma empregada doméstica e justifica dizendo ter achado que se tratava de uma prostituta o faz amparado num sentimento de superioridade atestada pela condição financeira.
Quando vejo Neymar e suas atitudes, dentro e fora dos gramados, não enxergo nele um Romário, um Zidane, um Ronaldo ou Edmundo. Nem mesmo um Dener, um Ronaldinho Gaúcho, um Bebeto... Vejo que o máximo que Neymar pode chegar a ser é um Edilson. Indisciplinado, o capetinha até ganhou títulos. Mas se alguém for fazer uma lista dos 10 melhores jogadores que viu jogar, dificilmente seu nome virá à lembrança. Teve uma chance, mas não conseguiu ter sucesso na Europa. Ficou relegado aos subúrbios do futebol mundial. Encerrou sua carreira esse ano, de forma melancólica, no há muito decadente Bahia. Queria ser protagonista, mas acabou virando uma nota de pé de página no livro do futebol. Pode ser pior: pode terminar como Denilson: 33 anos, desempregado, teve que virar comentarista de TV após passagens sem destaque pelo futebol do Vietnã e da Grécia.
E pode ser ainda pior.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Um líder que só joga por 45 minutos

O torcedor do Fluminense deve ter acordado nessa segunda-feira com uma bela dor de cabeça. E não é pra menos. Pela terceira partida seguida, o time jogou apenas um tempo. Somente 45 minutos de bom futebol. Foi assim contra o Vasco, contra o Goiás e agora contra o São Paulo. Dos últimos nove pontos que disputamos, só ganhamos cinco. É pouco pra quem deseja se manter na liderança do Campeonato Brasileiro e ficar com o título no fim do ano. Reparem que neste mesmo período, o Santos e o Inter venceram seus três compromissos. E como ainda tem uma partida a menos que todos os outros, um deles pode encostar de forma perigosa no tricolor.

No caso específico do empate com o São Paulo, Muryci Ramalho errou ao escalar Belletti entre os titulares. Recém recuperado de uma contusão, o jogador deixou espaços no meio campo, não protegeu a zaga, como pretendia Muryci, e ainda cometeu muitas faltas. Numa delas, Rogério Ceni marcou o primeiro gol do São Paulo. Na volta pro segundo tempo, Rodriguinho mostrou que deveria ter sido o escolhido do treinador para começar jogando. O ex-goleador do Santo André deu mais velocidade ao ataque e melhorou o time. Pena que Washington mais uma vez estava apático. Perdeu o pênalti e praticamente não foi notado em campo. Volta logo, Fred.

No tropeço diante desse São Paulo que não mete mais medo em ninguém, livro apenas a cara um jogador. E não é a do goleiro Fernando Henrique, que fez grandes defesas, mas falhou nos dois gols adversários. Livro Deco, que jogou muito. Deixou pelo menos uns três sãopaulinos descadeirados, macou um gol, sofreu o pênalti e mostrou uma categoria impressionante. Anotem aí tricolores, esse Deco vai fazer história com a camisa do Fluminense.

Agora teremos dois jogos até o fim do primeiro turno. Duas pedreiras. Palmeiras e Guarani venceram no fim de semana, de virada e ganharam moral. Ainda assim sou mais Flu. Mas está na hora do time voltar a jogar 90 minutos e não apenas a metade.