domingo, 11 de setembro de 2011

Medo de ser feliz

Cruzmaltinos desse planeta,

as viagens têm me atrapalhado escrever aqui no Corneta, mas continuo acompanhando nossa caravela. Hoje me programei para assistir ao primeiro tempo em casa e o segundo tempo na rodoviária do Rio. E enquanto assisto vou formulando o texto, anotando algumas ideias que vão dando a cara do que vou escrever aqui. Pois hoje foi um dia de mudanças. Escrevi e joguei tudo fora na minha cabeça três vezes. De primeira, o texto era um lamento à nossa má sorte, que nos fez entrar em campo hoje sem quatro jogadores que eram titulares a bem pouco tempo (Renato Silva, Julinho, Juninho e Alecsandro). Se contarmos com o desfalque em definitivo de Anderson Martins, a contusão de Felipe e o incidente com nosso Monsieur Gomes, as perdas se tornam ainda mais graves. Mas, apesar de tudo, confio no peso da camisa e do elenco e não acho que isso seja desculpa para nada. Assim, deixei de lado essas linhas.
Vendo o jogo, o rascunho vinha com um tom reclamativo, quase botafoguense, misturando revolta e tristeza pelo nível ridículo da arbitragem do Brasileirão. Não fosse pela atuação miserável dos bandeiras, podíamos ter virado para a segunda etapa com 3x1 no placar. Aliás, a atuação do trio de arbitragem parecia empenhada em não permitir que o score deixasse a igualdade. O assistente anulou dois gols legítimos do clube da Colina. No primeiro, o zagueiro figueirista caiu de maduro, deixando Élton livre pra empurrar pras redes, mas o segurador de bandeira inventou uma infração ou impedimento ou qualquer outra desculpa esfarrapada pra impedir o Gigante de faturar os 3 pontos. Depois, um erro clássico de interpretação de regras, como já vem se tornando comum nos gramados brasileiros. Por aqui, inventaram essa história de que o goleiro não pode ser tocado. Isso não existe! O goleiro do clube catarinense saiu quase na linha da grande área, catando borboleta. Ele espalma a bola, que quase simultaneamente toca a cabeça de Diego Souza e sobra livre pro camisa 10 vascaíno empurrar pras redes. Mas nisso o apitador já tinha interferido. No segundo tempo, embora sem lances tão graves, a tônica do jogo continuou essa... E esse seria o texto da coluna até os descontos da segunda etapa...
Num contra-ataque rápido, a bola sobra para Kim que toca para Éder Luís, que surpreendentemente fez a coisa certa. Nosso Chico Bento avançou, atraiu a marcação e deixou a pelota com Diego Souza, que ficou cara a cara com o arqueiro de Florianópolis. Milésimos de segundos para tomar a decisão: driblar o goleiro ou esperar que ele caísse para dar um toque sutil por sobre a última linha defesa do adversário. Diego Souza hesitou, e acabou não fazendo nenhum dos dois. Aos 46 do segundo tempo, Diego Souza perdeu a chance de nos dar a liderança - até então temporária - do campeonato brasileiro. E esse seria o texto de hoje enquanto eu cortava a serra subindo para Juiz de Fora.
Mas aí cheguei em Minas e a primeira coisa que fiz foi procurar saber dos resultados de nossos concorrentes, e vi que Corinthians, São Paulo, Botafogo e Flamengo foram derrotados. E aquele empate catastrófico continuou a ser ruim, mas deixou de ser trágico ao menos. Ocupamos a segunda posição e temos agora duas partidas no caldeirão de Sanjanu para nos colocar na ponta. Estamos a 4 pontos da minha projeção dos 72, mas acredito que podemos recuperar essas perdas em outras contendas.
Esse campeonato será vencido por aquele que mostrar menos medo de ser feliz.